sexta-feira, 25 de setembro de 2015

INSPIRE-SE: O crespúsculo no final do século


Está envenenada a terra que nos enterra ou desterra.
Já não há ar, só desar.
Já não há chuva, só chuva ácida.
Já não há parques, só parkings.
Já não há sociedades, só sociedades anônimas.
Empresas em lugar de nações.
Consumidores em lugar de cidadãos.
Aglomerações em lugar de cidades.
Não há pessoas, só públicos.
Não há realidades, só publicidades.
Não há visões, só televisões.
Para elogiar uma flor, diz-se: “Parece de plástico”.

Eduardo Galeano


Tradução do poema: 
EL CREPUSCULO A FIN DEL SIGLO 

LIVRO: 
Patas Arriba - La escuela del mundo al reves
Eduardo Galeano


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